A ironia é controlada por situações e ocasionalidades, o sarcasmo é controlado por terceiros e o humor é a junção dessas situações irónicas com terceiros que pedem sarcasmo. Assim, através de vivências e personalidades, a ironia, o sarcasmo e o humor surgem em Ricardo Araújo Pereira com planos de acomodação.
Com efeito, são essas mesmas vivências e personalidades que o autor aborda na obra Crónicas da Boca do Inferno, através de vários temas, como a política, a economia, a justiça, a sociedade, o desporto, a saúde, a segurança, a música, a literatura, o cinema, a programação televisiva, o comércio, datas comemorativas, entre outros. Desta forma, esta reflexão é, simultaneamente, impossibilitada e motivada pelo elevado número de assuntos retratados na obra. O cronista tem um olhar crítico e convicto sobre o globo e a multidão que o habita, expressa os seus pensamentos de forma impetuosa e cativante, obrigando o leitor a permanecer algemado ás palavras. Com uma média de três sorrisos verdadeiros por crónica, a leitura pode mesmo chegar a causar dor facial e momentos embaraçosos (caso seja feita em público). Sendo aconselhável, desta forma, ler moderadamente e em privado. Surpreendendo sempre o leitor pela maneira como aborda as várias temáticas, Ricardo Araújo Pereira evidencia a sua qualidade criativa e oferece ao leitor uma leitura diferente de um acontecimento comum.
Em suma, o cronista “dita a sentença e manobra a espada”, isto é, não se limita a criticar o que já é criticado, nem a justificar como já foi justificado, oferece-nos o mundo pelo seu olhar sem qualquer influência ou barreira.
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