Há, ainda, quem afirme que desigualdade de género já não se usa e que já passou da moda. Mas lutar pelos meus, pelos direitos das minhas irmãs e pelos das futuras gerações não é moda, é frustração de anos a “beijar” o chão que os homens pisam, é incómodo de ter de ouvir “homem não chora”, “o lugar das meninas é na cozinha a aprender a cozinhar” e farta de reponder “Estamos no século XXI!”e sabem o que é que me respondem? “No meu tempo não era assim…”.
No teu tempo, as meninas andavam nas escolas até os pais (pai, não mãe) deixar. No teu tempo, Salazar era primeiro-ministro. No teu tempo, não podias votar. No teu tempo, a tua opinião era inferior à do teu filho de 11 anos. No teu tempo, não eras ninguém, nem para os homens nem para o país. No teu tempo, eras vista como um robot doméstico, eras para ser vista a trabalhar, mas não ouvida. No teu tempo, não eras mulher. Queres que fique tudo igual de novo? Queres tirar todas as oportunidades às nossas meninas? Queres que voltem a ficar confinadas a arrumar a casa o dia todo? Queres que todas as suas opiniões sejam só ouvidas pelas amigas?
Eu também não! Eu quero que a minha filha chegue a casa na segunda feira do trabalho, com a casa arrumada, roupa estendida e jantar ao lume. E, que, no dia seguinte, o seu marido/ sua mulher chegue a casa e tenha a mesma satisfação que ela teve. Quero que ganhe exatamente o mesmo que o seu colega de trabalho. Quero que tenha a possibilidade de dizer que não quer ter filhos e que, por isso, não seja julgada. Quero que possa andar descansada na rua de noite, sem ter de olhar para trás 5 em 5 segundos, com o medo de estar a ser seguida. Espero que estes homens e mulheres, que não lutam pela igualdade de direitos e oportunidades, percebam que o tempo deles chegou ao fim.
"Here's to strong women. May we know them. May we be them. May we raise them."
Rita Mendes