13/05/2014

Para enchimento da verdadeira gaiola

   Vazia. Eis a gaiola, sem uma sombra que lhe cause peso, sem um ser que lhe retire espaço. As suas gélidas grades permanecem isoladas de companhia, permanecem suspensas, a gaiola permanece fechada.
   Desta forma, a estrada de separação entro o interior e o exterior da gaiola encontra-se congestionada. O encerramento desta linha implica, então, a separação. A separação entre um passado limitado e um presente desocupado de mentalidades que lhe travem o progresso. O outrora cercado pelas fronteiras do politicamente aceitável, que mantinham as palavras e ações reclusas, onde até o simples pensamento era regulado. Foi substituído pelo prometido tempo progressista, que solta pensamentos, abre bocas e destranca correntes. 
   Todavia, poderá a sociedade atual, ainda que sem as grades, estar presa? A vida é condicionada por estereótipos e preconceitos, que nos perseguem e analisam, procurando o rótulo e prateleira onde melhor encaixamos. A sociedade é uniformizada por estes padrões impostos pelas diferentes culturas e religiões, o nosso exterior define-nos em sociedade. Avalia-se a embalagem, pois o conteúdo requer mais trabalho. No meio de tão restritas ordens torna-se difícil encontrar a liberdade.
   Dito isto, terá a nossa liberdade implicado a nossa liberdade, isto é, teremos sido soltos da primeira gaiola para preenchermos a segunda?

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