28/04/2014

Na dúvida, defenda!


   Na data que marca o calendário de hoje, o Portugal de outrora, cheio de reconhecimento mundial, encontra-se obstruído. O lusitano que conquistou o mundo no século XVI, hoje permanece ignorado, na ponta encoberta da Europa.
   A crise assombra-nos a posição na lista dos países mais iluminados, encolhe-nos, torna-nos invisíveis. E quais as vantagens de ser invisível num mundo que procura e anseia pelo brilho e pelo destaque? Já lá vai o tempo em que o dinheiro não era problema, em que o ouro do Brasil se acumulava nos cofres lusitanos, em que nos sentávamos em tronos dourados e apreciávamos o mundo de cima. Nos dias que passam, países como a Alemanha flutuam sobre as nossas cabeças em troca de pão e água. Sorriem, como se fossemos uma piada secreta que só eles são, suficientemente, inteligentes para perceber. Mas sejamos diretos para não sermos estúpidos: como lutar contra quem não se pode alcançar? Os gigantes cofres, agora despidos de riquezas, escondem-nos do mundo e empurram-nos para o esquecimento.
A situação agrava-se com o meio lusitano, com o português que sendo português se esquece de o ser. Os portos que se enchiam de estrangeiros desejosos de Portugal, hoje enchem-se de meios lusitanos desejosos de tudo, menos de Portugal. Sai o pobre que tem fome de trabalho, sai o rico que tem fome de poder, sai o velho que não encontra soluções, sai o novo que procura oportunidades. E dentro do balão, para os que ficam, apesar de mais espaço, há menos ar.
   Mas se é preciso ousadia para criticar o nosso país, é preciso em igual número para o defender. Na dúvida, defenda! Porque o povo português tem uma riqueza simples, a riqueza do altruísmo, da alegria contagiante, da abundância de carinho, da felicidade em oferecer.  Só faz falta acreditar, ter um pouco de ambição, pois entre os que podem inverter esta situação encontramos a nossa nação. Ao longo destes vários séculos provámos, várias vezes, o nosso valor, mas em vez de relembrar histórias passadas, vamos olhar para o futuro e assumir o compromisso de recuperar essa posição, a nossa posição. Somos a definição de um país patriota, agarrado ao verde e vermelho, temos tudo o que é preciso, só perdemos por falta de garra. Poderemos não conquistar o mundo, mas pelo menos saltámos, tirámos os pés do chão, marcámos presença.
   Em algum lugar nesta terra escolhida, alguém brinca, alguém vê o sol nascer, alguém ri, alguém canta, alguém dança, alguém sonha, alguém tem esperança e esse lugar é aqui. Porque os gregos, os espanhóis e os italianos podem ter caído, mas os gregos, os espanhóis e os italianos não são portugueses. Se queremos a mudança, precisamos exigi-la.

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